Os custos da doença pelo vírus sincicial respiratório em crianças de países em desenvolvimento: uma revisão sistemática

Autores

  • César Ramos Rocha-Filho Universidade Federal de São Paulo - São Paulo - SP - Brasil
  • Gabriel Sodré Ramalho Universidade Federal de São Paulo - São Paulo - SP - Brasil
  • Johnny Wallef Leite Martins Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - Araraquara - SP - Brasil
  • Rosa Camila Lucchetta
  • Patrícia Carvalho Mastroianni
  • Humberto Saconato Universidade Federal de São Paulo - São Paulo - SP - Brasil
  • Virgínia Fernandes Moça Trevisani Universidade Federal de São Paulo - São Paulo - SP - Brasil

DOI:

https://doi.org/10.22563/2525-7323.2023.v1.s2.p.150

Palavras-chave:

Infecções por Vírus Respiratório Sincicial; Custos e Análise de Custo; Farmacoeconomia; Revisão Sistemática.

Resumo

Introdução: Anualmente, são registrados mais de 30 milhões de casos da doença pelo Vírus Sincicial Respiratório (VSR) em todo mundo, com aproximadamente 200 mil mortes. Cerca de 99% desses casos são em crianças de países em desenvolvimento. Além do impacto clínico-social, há um importante impacto econômico. Objetivo: Este trabalho tem como objetivo avaliar os custos do manejo da doença pelo VSR em crianças de países em desenvolvimento, identificando os principais direcionadores de custo. Material e Método: Revisão sistemática (CRD42020225757) com busca atualizada em fevereiro/2023. Os custos extraídos foram convertidos em dólares internacionais (U$ 2023), a partir da paridade do poder de compra ajustada. Resultados: Foram incluídas quatro análises econômicas retrospectivas e um estudo custo da doença. Esse, adotou uma perspectiva de custeio da sociedade, enquanto os outros adotaram a perspectiva do sistema de saúde. Entre pacientes na enfermaria pediátrica (média de 3,8 a 5,9 dias de internação), um menor e maior custo total foram estimados em hospitais da Malásia (U$ 347,60) e Colômbia (U$ 709,66), respectivamente. Na UTI pediátrica (média de 8 a 24 dias de internação), um menor e maior custo foram estimados em hospitais da China (U$ 1.068,26) e México (U$ 3.815,56), respectivamente. As diferenças entre as localidades podem ser parcialmente explicadas pela utilização dos recursos em saúde e características de cada população. Análises estatísticas de três estudos incluídos apresentaram um aumento significativo nos custos de hospitalização em crianças com idade superior a seis meses e com condições clínicas subjacentes, como doença cardíaca congênita, paralisia cerebral, doença pulmonar crônica e desconforto respiratório. Embora não haja consenso sobre o principal direcionador de custo, as evidências descreveram que os medicamentos (tratamento) foram responsáveis por mais de 30% do custo total. No geral, o maior custo médio foi com nebulização com solução hipertônica, antibióticos sistêmicos e fluidos intravenosos. Análises mais específicas de um estudo incluído demonstraram que mais de 85% dos medicamentos prescritos para doença pelo VSR são inapropriados. Além da falta de evidências sobre a eficácia no tratamento viral, o uso de medicamentos como antibióticos pode levar a um aumento de eventos adversos e seleção de organismos resistentes. Esses fatores podem levar a um aumento da morbimortalidade, do tempo de internação e, consequentemente, dos custos. Discussão e Conclusões: A doença pelo VSR apresenta um impacto econômico substancial para os sistemas de saúde e para a sociedade. É sugerida uma importante associação entre os custos hospitalares e condições clínicas basais. Além disso, foi observado que uma parte considerável dos custos totais é destinada a tratamentos que não têm respaldo por evidências científicas e diretrizes de prática clínica. A implementação de serviços de dispensação efetivos pode representar uma economia significativa de custos.

Publicado

2023-11-08

Como Citar

Os custos da doença pelo vírus sincicial respiratório em crianças de países em desenvolvimento: uma revisão sistemática. (2023). JORNAL DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA E FARMACOECONOMIA, 8(s. 2). https://doi.org/10.22563/2525-7323.2023.v1.s2.p.150